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quarta-feira, 31 de março de 2010

Serra inaugura obra polêmica e é vaiado por trabalhadores


erca de 200 servidores estaduais, entre professores, agentes penitenciários e profissionais da saúde, vaiaram nesta terça-feira (30) o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), em Presidente Prudente, no interior paulista, onde o tucano inaugurou obras. Com nariz de palhaço e faixas que foram proibidas de ser abertas pela Polícia Militar, os manifestantes se reuniram na frente do prédio do Ambulatório Médico de Especialidades (AME), inaugurado pelo governador.



Os trabalhadores chamaram Serra de "ditador" e "mentiroso". "Nos proibiram de entrar no prédio e de colocar as faixas, bolsas de mulheres foram revistadas e um professor foi tirado à força por um PM", reclamou Alberto Brushi, diretor regional do Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo (Apeoesp).

Professores da rede estadual e PMs entraram em confronto no Morumbi na semana passada, quando tentaram furar o bloqueio e chegar ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. Quando os professores tentaram furar o bloqueio, foram recebidos com golpes de cassetetes, balas de borracha e bombas de efeito moral.

O sindicalista Rozalvo José da Silva, secretário-geral do Sindicato dos Agentes de Segurança Penitenciária do Estado de São Paulo (Sindasp), também reclamou do tratamento dado aos manifestantes. A exemplo dos professores, em greve há 19 dias, os agentes penitenciários decidiram entrar em greve a partir do próximo dia 30. Ele afirmou que os 22 mil agentes, que cuidam de 180 mil presos no Estado, exigem reajuste salarial de 26,34%.

Obra inacaba

Em sua maratona para inaugurar o máximo de obras antes de deixar o governo, Serra apelou novamente para um expediente já tradicional de sua agenda: inaugurar obras que não foram concluídas.

Encaixa-se nesta categoria o trecho sul do Rodoanel, "inaugurado" hoje, com dois anos de atraso, pelo governador tucano. Mesmo com tanto atraso, um pequeno trecho será aberto aos motoristas somente na quinta-feira.

O Trecho Sul do Rodoanel irá ligar as rodovias Anchieta e Imigrantes às rodovias Bandeirantes, Anhanguera, Castello Branco, Raposo Tavares e Régis Bittencourt, que já estavam interligadas pelo Trecho Oeste desde outubro de 2002. A rodovia passa pelos municípios de Mauá, Ribeirão Pires, Santo André, São Bernardo, São Paulo, Itapecerica da Serra e Embu das Artes.

O primeiro dos cinco lotes, de Mauá à Via Anchieta, em São Bernardo, ainda não será entregue, em virtude das obras nos 4,4 quilômetros que ligam o Rodoanel à Avenida Papa João XXIII, em Mauá (a previsão é de que o trecho seja concluído em meados de maio).

Pedágio e polêmicas
Segundo estudo encomendado pela Artesp (Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo) ao Lincoln Institute of Land Policy, a obra reduzirá temporariamente o trânsito na marginal Pinheiros e na avenida dos Bandeirantes, mas terá efeito insignificante nos congestionamentos da Grande São Paulo.

Assim como o trecho oeste, onde há cobrança de pedágio (R$ 1,20) desde dezembro de 2008, o trecho sul será pedagiado, com valores até R$ 6. No entanto, não há prazo definido para o início da cobrança, já que a concessionária ainda não foi escolhida.

A construção do trecho sul foi projetada e administrada pela estatal Desenvolvimento Rodoviário S.A. (Dersa), mas a execução da obra, iniciada em maio de 2007, ficou a cargo de cinco consórcios, cada um responsável por um lote do trecho. Integram os consórcios algumas das principais construtoras do país: Andrade Gutierrez, Galvão Engenharia, Odebrecht, CR Almeida, Serveng Civilsang, Camargo Corrêa, OAS, Mendes Júnior e Carioca.

Em dezembro de 2009, o Ministério Público Federal em SP encaminhou representações pedindo a abertura de inquérito contra a Camargo Corrêa por fraudes em licitações e superfaturamento em 14 obras espalhadas pelo país, entre elas a do Rodoanel. O dinheiro desviado teria sido utilizado no financiamento de campanhas eleitorais de vários políticos.

Em setembro de 2009, um laudo feito por um supervisor ambiental das obras afirmou que os impactos ambientais superaram as previsões do governo. Ele citou uma região com 15 córregos, fora da área de concessão do Rodoanel, que desapareceram por conta do assoreamento, e apontou deficiências no projeto de drenagem que provocaram alagamentos ao redor da obra, afogamento de árvores e assoreamento em parte da Billings. Na época, a Dersa argumentou que os problemas ambientais não eram significativos e que eles foram agravados pelas chuvas.

Já em 13 de novembro do ano passado, um novo empecilho: três vigas de 85 toneadas e 40 metros despencaram de uma altura de 20 metros no viaduto do Rodoanel sobre a rodovia Régis Bittencourt, atingindo três veículos e ferindo três pessoas. Segundo relatório emitido pelo Tribunal de Contas da União (TCU), o consórcio formado pelas empreiteiras OAS, Mendes Júnior e Carioca usou vigas pré-moldadas não previstas para os novos viadutos do trecho sul com o objetivo de baratear custos.

O IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), órgão ligado ao governo estadual, avaliou que a queda da viga foi resultado de três fatores: falta de horizontalidade das superfícies das bases de apoio; insuficiência de atrito na interface das vigas com as bases de apoio e falta de travamento adequado das vigas.

Especialistas entrevistados pelo UOL Noticias na época afirmaram que a pressa para entregar as obras em um prazo favorável do ponto de vista eleitoral está por trás dos acidentes em grandes obras, entre elas a do Rodoanel.

Durante o evento de inauguração, a Polícia Militar fez um cordão de isolamento para separar as autoridades. Um grupo de manifestantes foi impedido de chegar ao local da vistoria e foi parado pela PM ainda na Via Anchieta.

Da redação,
com agências, Portal Vermelho

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