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quarta-feira, 17 de março de 2010

Frias Filho põe a cabeça para fora

Diretor de Redação da Folha de S.Paulo, Otávio Frias Filho pôs a cabeça para fora. Escreveu um artigo para defender que o Brasil tenha armas nucleares. Mas não se assustem, é só para chamar a atenção. O que ele faz mesmo no texto é atacar o presidente Lula, o PT e a política externa do governo.

Além de desfiar uma ingênua teoria geopolítica sobre o papel do Brasil no mundo, uma espécie de realismo cínico nuclear: o Brasil está autorizado a violar sua Constituição e desenvolver armas nucleares, já que os Estados Unidos as têm e ameaçam o Irã e é natural que este país também as tenha, porque seus vizinhos dispõem desse potencial.

Por esse raciocínio tortuoso, Frias Filho acha que o Brasil deve dispor de armas nucleares porque os EUA as têm e ameaçam o Irã, via guerras de invasão contra o Iraque e o Afeganistão; e a produção ou a posse desse tipo de armas pelo Irã é uma decorrência natural, até porque Israel, Paquistão, Índia e Rússia, vizinhos ou na região da antiga Pérsia as possuem.

Então, isso significa que se os EUA agridem a Venezuela, como vêm fazendo, ameaçam e invadem o Equador, via Colômbia, como já o fizeram, e plantam bases militares em todo o "Cone Sul", o Brasil está autorizado a violar sua Constituição e a desenvolver armas nucleares.

Mas, as críticas de Frias Filho ao presidente Lula e à nossa política externa não resistem aos fatos. Ele diz, por exemplo:"Vamos confrontar os Estados Unidos, sim, e cada vez mais. Mas vamos fazê-lo quando for relevante para o Brasil, não para realizar as fantasias ideológicas da militância que aplaude o presidente Lula e seu chanceler”.

Hillary é do Partido Democrata e a Folha não a critica

Aí, não sei do que ele está falando, se da retaliação autorizada pela OMC ou da questão de Honduras, já que para a Folha - que apoiou o golpe de 64 no Brasil - devíamos ter reconhecido os golpistas hondurenhos e expulsado o presidente constitucional daquele país, Manuel Zelaya, de nossa embaixada.

Outra critica é sobre a filiação do chanceler Celso Amorim ao PT. Ele a sustenta com a tese de que isso não vale em nenhum país democrático. Frias Filho defende: "Chanceler não deveria ter partido. Parodiando Clemenceau (1841-1929), a diplomacia é assunto sério demais para ser relegado a diplomatas e a ideólogos partidários”. Ora, e o exemplo da secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton filiada ao Partido Democrata? A Folha a critica por isso?

O articulista revela, assim, sua concepção elitista e autoritária de democracia e Estado. Sua grande tese é que política externa é uma combinação de direitos humanos - daí sua audaciosa e vibrante defesa das armas nucleares ! - e independência.

Direitos humanos que viram pó num mundo dominado por potências nucleares e países sem acesso a essas armas. Essa situação sugere que a única saída, ao contrário do que propõe Frias, é o desarmamento e o controle dos arsenais nucleares pelas Nações Unidas de fato e não como acontece hoje, pelos Estados Unidos.

Articulista defende autodeterminação relativa

Essa defesa de Frias Filho da autodeterminação relativa é feita muito ao gosto das superpotências: exige que condenemos a violação dos direitos humanos em todo e qualquer país, sem que se invoque a independência e a autodeterminação desta ou daquela nação.

Esquece, assim, o recente golpe de Estado em Honduras quando ele e o jornal de sua propriedade não se esmeraram exatamente pela defesa dos direitos humanos. Ali, na prática, prevaleceram os interesses políticos, ideológicos e partidários da Folha.

Da mesma forma o Brasil em sua política externa deve levar em conta seus interesses e objetivos para defender os direitos humanos no momento e na forma que julgar adequada. E não quando a diplomacia e os interesses dos Estados Unidos o exijam, como o fazem agora no caso do Irã e de Cuba.

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